O mercado da soja passou por uma semana de fortes movimentações. E tudo isso devido ao relatório do USDA, acordo comercial entre China e Estados Unidos e a montanha-russa nos preços do óleo de soja.
O que o USDA mostrou?
O Departamento de Agricultura dos EUA (o famoso USDA) divulgou o primeiro relatório para a safra 2025/26. Segundo a consultoria Safras & Mercado, os americanos devem colher cerca de 118,1 milhões de toneladas de soja, com produtividade estimada em 52,5 bushels por acre – número um pouco abaixo do que o mercado esperava.
Os estoques finais também chamaram atenção: a previsão é de 8 milhões de toneladas, bem abaixo dos mais de 9,5 milhões que o mercado estava esperando. Isso pode indicar uma oferta mais apertada lá na frente.
Também foram revisados os números da safra atual (2024/25). Os estoques de passagem devem fechar em 350 milhões de bushels, enquanto o esmagamento e as exportações seguem estimados em 2,42 bilhões e 1,85 bilhão de bushels, respectivamente.
No mundo todo, a expectativa é de uma safra ainda maior em 2025/26: 426,8 milhões de toneladas, contra 420,8 milhões da temporada anterior. O Brasil segue com previsão de 175 milhões de toneladas, e a Argentina com 48,5 milhões. Já a China deve importar 112 milhões de toneladas, 4 milhões a mais que no ciclo anterior.
Acordo entre China e EUA balança o mercado
Outro ponto que mexeu com os preços foi o novo acordo entre Estados Unidos e China. O trato tem validade de 90 dias e, logo que saiu, fez os preços da soja em Chicago dispararem, os maiores dos últimos 10 meses.
Os dois países reduziram tarifas nas importações um do outro: os EUA cortaram de 145% para 30%, e a China reduziu de 125% para 10%. Isso animou os produtores norte-americanos, que agora enxergam mais oportunidades de exportação.
Mas isso também pode afetar o Brasil. Se a China voltar a comprar mais dos EUA, pode sobrar menos espaço para nossa soja no mercado internacional, o que pode derrubar os preços por aqui nos próximos meses.
Mesmo assim, o Brasil continua competitivo e segue como grande fornecedor. Segundo analistas, só vamos entender de verdade os impactos desse acordo lá pra agosto e setembro, quando os americanos começarem a colher.
Óleo de soja: sobe e desce sem parar
O óleo de soja também viveu dias de muita instabilidade. No começo da semana, os preços subiram forte, mas logo recuaram por conta de dúvidas em relação às metas de combustíveis renováveis (RVO) nos EUA.
O Congresso americano discute sobre atualizar ou não essas metas ainda em 2025. Mas uma fala recente de um senador deu a entender que essa atualização pode ficar só pra 2026. Isso desanimou o mercado, que estava otimista depois da aprovação de um projeto de lei na Câmara americana.
Se esse projeto for aprovado e o RVO realmente for atualizado ainda este ano, pode faltar óleo vegetal no mundo (soja, milho e canola), já que os incentivos para produção de biodiesel vão até 2031. Isso deixaria o mercado ainda mais apertado.
fonte: https://www.canalrural.com.br/agricultura/projeto-soja-brasil/saiba-como-ficou-o-mercado-de-soja-apos-os-numeros-do-usda/