A China é o maior cliente do agronegócio brasileiro, quando falamos em soja, milho, algodão e carnes. Atualmente, o mercado chinês tem demonstrado maior interesse em duas novas commodities: o gergelim e o feijão. Essa abertura representa uma oportunidade estratégica para o Brasil, em especial, para regiões que vêm se destacando na produção de gergelim.


Em 2025, até setembro, o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) registrou 249 mil toneladas de gergelim exportadas, isto é, um crescimento de 184% em relação ao mesmo período em 2024. O volume expressivo posiciona o terminal com 71% de participação no total embarcado pelo país. A China é responsável por quase metade desse volume, sendo o maior destino das exportações brasileiras do grão, em seguida, temos Índia e Vietnã.

O salto nos embarques deve-se a abertura do mercado chinês ao gergelim brasileiro, somada à habilitação de novas empresas exportadoras. A demanda global é crescente, diante desse cenário, a cultura ganha relevância como segunda safra em regiões de clima quente e solos férteis, como o Vale do Araguaia.

Canarana, no leste mato-grossense, desponta como o epicentro dessa expansão. O município é o maior produtor de gergelim do Brasil e um dos principais do mundo, concentrando boa parte da produção estadual. O grão vem ganhando espaço como substituto estratégico do milho na segunda safra, oferecendo maior resistência a baixa umidade e menor risco produtivo. A cada ano, mais produtores da região investem na cultivar como forma de diversificação e estabilidade econômica, aproveitando a demanda internacional que cresce a cada dia.

O gergelim tem atraído atenção devido ao seu alto valor agregado e pelas oportunidades logísticas que surgem com o aumento das exportações. Tal cenário abre espaço para ampliar parcerias técnicas, oferecer suporte ao produtor e fortalecer o vínculo entre campo e mercado global, que tornam-se um diferencial competitivo diante do novo ritmo de exportações.


A movimentação do mercado chinês também impacta outra cadeia produtiva: o feijão. O Brasil registrou, até setembro de 2025, o maior volume de exportações da história, com 361,86 mil toneladas embarcadas. Em destaque estão as variedades voltadas ao mercado externo, como o feijão-mungo-preto e o caupi branco, amplamente consumidos na Ásia. Apesar do avanço no mercado internacional, o impacto sobre o mercado interno permanece mínimo, visto que as cultivares mais populares no consumo nacional, o feijão-carioca e o preto, continuam praticamente restritas ao consumo interno.

No Terminal de Paranaguá, os embarques saltaram de 176 mil para 315 mil toneladas em apenas um ano, impulsionados pela demanda internacional. A Índia segue como principal destino das exportações brasileiras, seguida por Portugal, África do Sul e Paquistão.

O aumento da procura por feijão-mungo-preto e o caupi branco, fomentam uma estratégia de diversificação produtiva no Centro-Oeste e no Nordeste. Produtores têm buscado oportunidades no mercado externos que garantam melhor rentabilidade, uma vez que essas variedades possuem ciclo mais curto e se adaptam bem ao sistema de rotação com culturas como soja e milho. Além disso, a melhoria na infraestrutura portuária e logística tem contribuído para reduzir custos e aumentar a competitividade do feijão brasileiro no comércio global.


A combinação entre um mercado externo em expansão e uma cadeia produtiva em evolução cria uma janela de oportunidade concreta de transformar esse avanço global em desenvolvimento regional, fortalecendo o campo e ampliando as fronteiras do agronegócio brasileiro. 


fonte: https://comexdobrasil.com/o-apetite-gigantesco-da-china-avanca-sobre-dois-novos-produtos-exportados-pelo-agronegocio-brasileiro/