As recentes preocupações com a safra de milho na Argentina, fortemente afetada pelo fenômeno La Niña e pelo atraso na safrinha, têm levado a uma valorização nos preços internacionais e no mercado interno. Conforme informa o Canal Rural, o contrato de milho para janeiro de 2026 fechou cotado a US$ 4,35/bushel na Bolsa de Chicago, com alta de 2,33% em relação à semana anterior. Já na B3, o mesmo vencimento registrou valorização de 4,48%, chegando a R$ 74,39 por saca, reflexo dos receios com possível queda da oferta.

Clima adverso na Argentina traz pressão sobre oferta

O avanço lento do plantio, combinado com excesso de umidade em algumas regiões argentinas e o contexto climático imposto pela La Niña, coloca em risco a produção estimada em 52 milhões de toneladas para 2025/26. O cereal precoce, semeado entre setembro e outubro, entrará em fase crítica, polinização e enchimento de grãos, entre dezembro e janeiro, período no qual se prevê forte restrição hídrica e temperaturas que podem ultrapassar os 40 °C. Isso aumenta a chance de abortamento de espigas e cortes na produtividade.

Para o Brasil, cenário traz oportunidades para produtores e para o agronegócio

Esse contexto de oferta fragilizada na Argentina, somado à demanda global por milho, tende a beneficiar o mercado brasileiro. Com a possibilidade de menor concorrência externa e preços em alta, produtores nacionais, podem se posicionar com vantagens competitivas.

Esse momento representa oportunidade de apoiar produtores com tecnologia, logística e assessoria técnica para aproveitar os melhores momentos de venda ou estocar estrategicamente grãos. Além disso, com o aumento do valor do milho, a demanda por insumos, serviços e equipamentos agrícolas tende a subir, gerando mais negócios para o setor como um todo.

Segundo análises recentes da Grão Direto, o risco climático na Argentina deve manter o milho em trajetória de valorização nas próximas semanas, impulsionado por uma oferta mais ajustada. Esse movimento também é reforçado pela Conab, que aponta em seus relatórios que a demanda interna permanece firme e que o mercado global segue pressionado pela menor disponibilidade do cereal. O Cepea/Esalq confirma esse cenário, destacando que os preços domésticos seguem sustentados pela baixa oferta e pela procura aquecida das indústrias. A combinação entre clima adverso no país vizinho, demanda internacional ativa e câmbio favorável tende a manter o milho em patamares elevados no curto e médio prazo.

Para quem atua com plantio, colheita e comercialização, este pode ser um momento estratégico para rever contratos, avaliar estoques e planejar safras, com atenção especial às oportunidades criadas pela conjuntura internacional.


Fontes: canalrural.com.br, graodireto.com.br,  conab.gov.br, cepea.esalq.usp.br 


Texto: Beatriz Rodrigues Sousa - Marketing RZK Agro