As perspectivas para o financiamento do setor agropecuário via mercado de capitais foi um dos temas discutidos no Congresso Brasileiro do Agronegócio, que aconteceu nesta segunda-feira (11) em São Paulo. Para o superintendente de Securitização e Agronegócio da CVM, Bruno Gomes, “os recursos públicos estão ficando mais escassos pelo tamanho do setor, pela capacidade do governo em dar subsídio, e agora está aparecendo essa necessidade de buscar fontes alternativas de financiamento.”

Na sua avaliação, essa aproximação com o campo “é um processo”. “Não é rápido, é de longo prazo, mas que começou e está avançando bem rapidamente”, acrescentou o executivo durante o painel “Agrobrasil com crescimento sustentável: financiamento e mercado de capitais” no evento organizado pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) em parceria com a B3.

Flavia Palacios, diretora da ANBIMA e coordenadora da nossa Comissão de Securitização, tambem participou do painel junto com Luiz Masagão, vice-presidente de Produtos e Clientes da B3, Raphael Silva de Santana, gerente nacional de Agronegócios do SICOOB, e Bruno Santana, CEO e fundador da Kijani Investimentos.

O estoque de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) superou os R$ 140 bilhões, enquanto o de Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais) ultrapassou os R$ 40 bilhões, e, para a diretora da ANBIMA, "esses números têm espaço para serem 3, 4, 5 vezes maiores", ressaltando o trabalho em parceria com a CVM para desenvolver os instrumentos e as outras ações para acelerar essa expansão. 

Flavia Palacios no congresso da ABAG em 2025

“Temos duas frentes importantes para fomentar o desenvolvimento: a divulgação de dados consistentes ajuda novos investidores a terem confiança para entrar nesse mercado e a educação de mão dupla”, disse, referindo-se ao aprendizado dos investidores sobre as particularidades dos instrumentos ligados ao agronegócio e ao aprofundamento do conhecimento “da Faria Lima sobre o campo e do campo com relação ao mercado de capitais, um setor historicamente dependente de linhas de crédito bancárias tradicionais”.

Uma das ações da ANBIMA nessa frente educacional foi o lançamento de um guia técnico para estruturadores de títulos com indicações de informações mínimas para análise do produtor rural. O objetivo da publicação é padronizar as informações solicitadas para dar agilidade e mais clareza a operações no mercado de capitais que contem com o produtor rural como originador dos créditos.

“Não tem crédito bom ou ruim, tem crédito mal precificado. E o mal precificado pelo desconhecimento é o pior erro de todos”, completou, lembrando que o mercado de capitais não veio para substituir e sim para complementar os recursos bancários tradicionais. 

O superintendente da CVM destacou ainda que “o agronegócio representa só 3,5% do mercado de capitais, o que é muito pouco se o agronegócio representa 25% do PIB”. “Olha o gap, olha o espaço que a gente tem [para crescer]”.


Fonte: ANBIMA