Um estudo publicado na revista Academy of Management Discoveries analisou como prefeitos da Amazônia com formação ligada ao agronegócio influenciam o desenvolvimento dos municípios. A pesquisa foi conduzida por especialistas da Fundação Getulio Vargas e avaliou dados de 2004 a 2016. Os resultados mostram que gestores com experiência no agronegócio ampliam a criação de empresas e incentivam o crescimento econômico sem registrar avanço significativo no desmatamento.

Os pesquisadores cruzaram informações de nove bases oficiais, entre elas dados do Tribunal Superior Eleitoral, do Ministério do Trabalho e do sistema DATASUS. O objetivo foi entender se a vivência prática no campo, aliada à formação técnica, impacta a administração municipal. A conclusão indica que essa combinação favorece um modelo de gestão que promove dinamismo econômico e conservação ambiental ao mesmo tempo.

Segundo o estudo, políticas fiscais consistentes e investimentos direcionados para agricultura, infraestrutura local e urbanização criam o ambiente ideal para que esse perfil de liderança obtenha resultados superiores. Na visão dos autores, conhecimento técnico não funciona isoladamente, ele precisa estar conectado a decisões públicas bem estruturadas.

A percepção de que lideranças com histórico no agronegócio conseguem equilibrar produção e preservação também é compartilhada por Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio e da Feagro MT. Para ele, o estudo confirma o que muitos produtores e gestores veem diariamente nas regiões amazônicas. Ele explica que o desafio não é escolher entre floresta ou produção, mas administrar o território de forma responsável e integrada.

Rezende destaca que a experiência direta no campo ajuda gestores a compreenderem o impacto das políticas públicas na vida das famílias rurais. Para ele, administrar um município amazônico exige entender ciclos produtivos, riscos, logística, clima e a importância de preservar recursos que garantem produtividade no longo prazo. Essa visão completa é o que fortalece políticas capazes de gerar crescimento sustentável.

O estudo também reforça que o desempenho dos prefeitos depende do ambiente institucional que os cerca. Regras claras, acesso a crédito, estrutura rural eficiente e incentivos à formalização de negócios são elementos que sustentam os avanços observados nas cidades analisadas. Quando esses fatores se alinham ao conhecimento técnico das lideranças, o desenvolvimento ocorre com menos pressão sobre áreas de floresta.

A revista responsável pela publicação, a Academy of Management Discoveries, reúne trabalhos revisados por pares e reconhecidos internacionalmente por análises aprofundadas sobre gestão pública e comportamento institucional. O estudo acrescenta evidências importantes ao debate sobre desenvolvimento amazônico ao mostrar que lideranças qualificadas podem ser tão determinantes quanto tecnologias de ponta no campo.

Para o agronegócio, a mensagem é clara. Investir na formação de líderes preparados é estratégico para garantir equilíbrio entre crescimento econômico e conservação. Esse tipo de liderança é uma das chaves para que a Amazônia avance de forma sustentável e supere modelos de desenvolvimento baseados em desmatamento e instabilidade.


Fonte: https://plantaonews.com.br/estudo-mostra-que-atuacao-de-liderancas-do-agronegocio-impulsionam-desenvolvimento-sem-elevar-desmatamento/